sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sobre o jogo da vida e seus torcedores!

Na arquibancada de nossas vidas há vários torcedores. O estádio está lotado. A maioria destes torcedores não sabe direito se deseja que joguemos bem ou mal. Estão ali para ver o espetáculo – querem assunto para o dia de amanhã. Eles desejam participar dos comentários após a partida e deixarem suas opiniões quase sempre distantes da realidade. Mas no jogo da vida, o Soldado da Paz não joga para agradar a torcida; ele faz seus lances, aproveita as oportunidades, e bate sua bola. Ele sabe que os torcedores, por mais vibrantes que sejam, dificilmente poderão influenciar no resultado final da partida. Ele já tentou agradá-los e quanto mais jogava para eles, mais perdido se tornava em si mesmo. Foi aí que alguém lhe explicou: “A opinião das pessoas a seu respeito não podem influenciar em seu trabalho. Siga em frente; se estiverem te amando, ou odiando, isto pouco importará. Preocupe-se apenas em oferecer o seu melhor”. A partir daí o Soldado da Paz começou a entrar em campo sem olhar para as arquibancadas. E quando perde, fica triste, reclama consigo mesmo e troca opiniões com os companheiros. Quando vence, sua alma vibra: sorri com os demais jogadores, comenta lances específicos e não nega sua importância na partida, mas sabe que quem leva a Espada Sagrada baseado nos aplausos que ocasionalmente podem surgir encerrará sua carreira frustrado.

Thiago Mendes

Sobre o arco e o arqueiro!

Quando Jávier acordou, seu guia estava ajoelhado com o arco armado apontandona direção do infinito. O jovem toma café, varre a porta e o velho continua mirando com o arco. Mais 40 minutos se passam e lá está ele. Jávier quebra o silêncio: “O que o senhor está fazendo?”, pergunta, “está aí parado como uma estátua há horas”. O velho não move o arco, nem a cabeça. “Estou estabelecendo um vínculo de intimidade com a arma que mais gosto de usar”. Jávier contesta. “Não seria melhor ocupar este tempo dando flechadas em algum alvo específico?”. O velho mantém sua posição. “Esse é o problema de vocês, jovens”, explica, “estão sempre querendo atacar, jogar, testas. Um Soldado da Paz não estará pronto enquanto não puder estabelecer um relacionamento com sua arma”. Jávier se irrita. “O senhor só pode estar louco”, diz. O guia mira para o lado de Jávier. O jovem pensa em correr, mas não adiantaria, seu mestre era bom demais de pontaria para que fugir resolvesse alguma coisa. O velho dispara, a flecha passa a poucos centímetros da cabeça de Jávier que fica enfurecido. “Está louco? Atirou em mim! Não sabe que poderia me atingir?”. O guia sorri. “Não, eu não podia te atingir. Conheço bem a minha arma, passei horas hoje combinando com ela sobre de que lado iriamos te atacar”. O moço se cala, não entendeu muito bem a lição, mas pelo menos aprendeu que nunca se deve afrontar um velho armado e que o arco e o arqueiro devem ter sempre o mesmo alvo!


Thiago Mendes

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre repousar nos braços do Pai!

Ontem durante a tarde encarei a difícil missão de fazer o Emanuel (meu filho de oito meses) dormir. Fui com ele para o quarto, peguei a chupeta azul enorme, a fralda velha, sentei-me com ele na beirada da cama e começamos o sacode. Aqueles olhinhos espertos e sarcástico diziam:você acha mesmo que vai conseguir, não é?Finalmente começamos a nossa dança; eu cantarolava qualquer coisa enquanto ele com aquele gemido manhoso e choroso procurava o tom da minha cantiga desafinada. , eu insistia.Nhã nhã nhã, respondia eleamalgamando sua voz grossa e forte à minha bem usada e quase cansada. Logo vi seus olhinhos se amolecerem e pouco a pouco e seu corpinho gorducho foi se entregando em meus braços até apagar completamente. Com aquele episódio simples fiquei pensando: não importa o quanto somos resistentes, birrentos, reclamadores, exigentes e independentes; os braços do Pai sempre estarão ali sacudindo-nos a fim de que nos entreguemos a Ele. Sua Palavra estará ecoandofalada ou cantarolada - sempre com o intuito de encher os nossos corações de paz, alegria e amor! Não! Não nada melhor que repousar nos braços do Pai.

É simples, mas é,

Thiago Mendes

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sobre o jeito, a força e o golpe perfeito!

Era ainda muito cedo quando o guia espiritual acordou com o barulho do machado surrando as toras de lenha. O velho caminha até a janela para assistir ao seu aluno Jávier suado dando machadadas na madeira, sem conseguir praticamente nenhum sucesso. “O que está fazendo, rapaz?”, grita o guia. “Estou procurando o golpe perfeito”, responde. “Vi como ontem o senhor rachava toras grossas com apenas um golpe”. O velho se ajeita na janela: “tanto na vida como na arte de cortar madeiras com o machado, os golpes vão se aperfeiçoando com o tempo”, diz. “Quanto mais treinamento, dedicação, disciplina, menos erros”. O jovem dá mais uma sequencia desesperada de golpes. A tora de madeira parece não sentir nada. “As coisas nem sempre acontecem baseadas em quanta força aplicamos sobre elas; com o tempo vamos aprendendo que nossa força é capaz de mudar apenas algumas realidades, mas a grande maioria só pode ser mudada com o nosso jeito”. O jovem parece não admitir. O guia prossegue: “o golpe perfeito está escondido no meio de milhares e milhares de golpes errados. E aquelas toras de ontem já estavam rachadas, por isso se dividiram apenas com um golpe e eu só fiz aquilo para te ensinar uma lição: jamais queira fazer algo apenas porque viu outra pessoa fazendo. Se você deseja ser um Soldado da Paz, aprenda a fazer aquilo que você mesmo deseja”.

Thiago Mendes

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sobre estar entre o berço e a sepultura!

A vida é rápida demais! Tão rápida quanto um breve pensamento. Tão breve quanto um suspiro, um espirro. Tão breve quanto à própria vida. Não importa se somos conscientes de sua brevidade, se somos felizes enquanto estamos por aqui, se seguimos ou não o caminho de nossos sonhos – a vida passará de qualquer jeito, rápida como um raio, dura como uma pedra, justa como um sábio juiz. Não podemos passar nossas vidas pensando na morte e nem tampouco viver desconsiderando-a. Ela virá! Ela está vindo! Um passo a cada milésimo de segundo, traiçoeira como um felino perseguindo sua caça, tão certa quanto o pôr do Sol. Quando entramos neste barco, ninguém nos perguntou se gostaríamos de fazer esta viagem, e, no final tampouco alguém nos perguntará nossa opinião sobre o momento de descer. Seremos jogados para fora, vomitados em um mar de incertezas. Tudo que o Soldado da Paz espera é que esteja pronto para enfrentar a fúria deste mar. Enquanto isso, entre o berço e a sepultura. Todos nós devemos nos preparar para este dia.

Thiago Mendes

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sobre o medo, o amor e a vida!

noite surgia rápida enquanto o grupo de homens terminava de se reunir para o combate. Do outro lado do vale o inimigo bravejava furioso. Um jovem guerreiro para de frente ao Soldado da Paz.Senhor, estou com muito medo, diz com olhos arregalados e cheios de pavor.Esta é a minha primeira batalha e não sei o que fazer, conclui. O Soldado da Paz lhe um abraço.Eu também estou com muito medo, responde em lágrimas,e perdi a conta de quantas batalhas enfrentei. Depois de ficarem abraçados por alguns segundos o jovem guerreiro volta a falar.Vejam os outros soldados, estão sorrindo, fazendo um lanche, eles não têm medo?. O Soldado da Paz expressa um sorriso leve e tranquilizador.Sim amigo, eles também estão com muito medo. Mas tentam esconder este sentimento de seus companheiros, de seus inimigos e até de si mesmos. Se algum de nós veio até aqui sem ter algum tipo de medo é porque não ama mais a vida. O medo, conclui,é a prova de que viver ainda vale a pena. O medo é a prova de que você ama a si mesmo e àqueles que te esperam quando tudo isto acabar. O jovem respira fundo e sente que o medo continua. A diferença agora é que a coragem parece ter aumentado.

Pense nisso,

Thiago Mendes

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sobre a ordem e o ensinamento!

Quando Jávier acordou de manhã não ouviu o assovio melódico de seu guia. Foi à cozinha, ao jardim, observou se o velho estava varrendo em baixo das árvores - nada. O moço entra novamente na cabana e vai ao quarto. Seu guia está embrulhado por várias cobertas e treme de frio. “Acho que estou morrendo, filho”, diz com voz fraca e trêmula. “Corra até a cidade, procure ajuda, compre algum remédio, qualquer coisa”. Jávier contesta. “Não posso deixá-lo aqui sozinho, pode morrer. Além do mais”, continua, “o senhor me ensinou que um Soldado da Paz jamais poderá abandonar um companheiro nestas condições”. O velho se irrita. “Esqueça o que ensinei e faça o que estou mandando. Se você ficar aqui eu irei morrer do mesmo jeito”. Jávier fica indeciso. Se ficar e o velho morrer pensará que poderia ter ido buscar ajuda e salvo sua vida. Se for até a cidade e quando chegar o velho estiver morto se culpará para sempre por ter deixado seu guia só. Neste momento ele pega o velho na cama e joga em seus ombros. “Iremos juntos procurar ajuda”, diz. No caminho, quando já atravessavam as montanhas Jávier percebe que a voz do velho já não parece tão trêmula e debilitada. “Engraçado”, pensa, “ele conta histórias e sorri enquanto eu o carrego. Será que não está doente e só queria ver meu comportamento? Isso não importa agora, vou levá-lo em meus ombros e cumprir a minha missão”. Neste instante o velho já apontava o dedo alegre em direção às montanhas explicando o nome de cada uma delas. Se ele estava ou não doente, Jávier nunca soube, mas foi aí que aprendeu que um ensinamento vale mais que uma ordem.

Thiago Mendes

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sobre reconstruir o nosso mundo!

O Soldado da Paz já se sentiu incapaz de vencer circunstâncias e imaginou que não seria mais aceito por aqueles que lutam ao seu lado. Ele estava errado! O Soldado da Paz já temeu e preferiu fugir a enfrentar. O Soldado da Paz já deixou de levar a luz para cortejar as trevas. O Soldado da Paz já se sentiu profundamente enganado por seus sentimentos e foi aí que aprendeu que a emoção só é válida quando não se choca com um mínimo de razão. O Soldado da Paz já lutou contra si mesmo e acabou ferido pela própria espada e traído por suas convicções. O Soldado da Paz já fez alianças equivocadas e acreditou em pessoas às quais não mereciam esta honra e desta vez viu seus companheiros se espalharem, então descobriu que nem todos que chegam sorrindo são de fato gentis e sinceros. “Um sorriso é muito pouco para mostrar de fato quem é uma pessoa”, concluiu. O Soldado da Paz já viu o mundo desabar sobre sua cabeça. Ele saiu dos escombros e começou a reconstruir. “Cada sonho frustrado, cada decepção, vergonha, medo, tristeza, solidão; cada batalha proposta pela vida é uma nova chance para que reconstruamos nosso mundo”, gritava pelas praças reerguidas. Se você já passou por tudo isso e continua acreditando na vida, parabéns! Você também carrega a Espada Sagrada. Você também é um Soldado da Paz. Se desejar compartilhe a sua luta, me escreva!

Thiago Mendes

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sobre quando retirei pedras para plantar flores!

Certa vez percebi que estava completamente cercado por pedras que a vida colocara à minha volta. A maioria delas haviam sido jogadas em mim com o intuito de roubar meus sonhos e ferir a minha fé. Senti quando algumas me atingiram. Mas naquele tempo eu tinha duas opções: ou desistia de tudo e permitia que estas pedras fossem me cobrindo até a morte; ou eu me levantava com força e coragem e começava a me livrar delas. E foi isto que fiz! Joguei fora cada pedregulho que se manifestava em forma de ira, falta de perdão, tristeza, frustração, medo, más lembranças – tudo! Até que percebi que meu coração já estava ficando bem mais limpo. Naquele momento decidi que ali algumas flores pegariam bem. E fui plantando. Algumas mudinhas de perdão ao lado de ramos de alegria combinando com as cores da esperança. Dia a dia o jardim da minha alma vai ganhando forma. Cada ato nobre, uma nova semente; cada pedra jogada fora, um peso a menos. Tomei a decisão de que todos os dias irei lançar uma pedra e plantar uma flor! Você também não quer fazer isso?

Thiago Mendes

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sobre o lobo, a Lua, você e eu!

Jávier acorda seu guia espiritual no meio da noite chuvosa. “Tive um sonho terrível”, conta assustado balançando o velho ainda na cama. “Sonhei que era um lobo e estava no alto de uma montanha, e ali, celebrava a Lua cheia com seu brilho tímido e beleza inigualável”. O guia senta-se na cama para ouvir o sonho de Jávier. “Lá em cima sentia um vento forte e frio, e dali”, continua, “podia observar as luzes de uma cidade distante e aparentemente solitária. Percebi que ali estava eu; estávamos nós, tão solitários quanto a Lua que vaga sozinha pelo infinito, como aquela cidade vazia perdida no meio do nada, como um lobo solitário que celebra sua solidão no alto de uma montanha. Aqui estamos nós: juntos e separados, felizes e frustrados, seguindo no meio de uma multidão, mas navegando sem ninguém para remar do outro lado do barco”. O velho abre um longo bocejo enquanto se prepara para falar. “Você está aprendendo a perceber o valor de ter alguém pra dividir a vida”, começa. “Enquanto não podemos entender a solidão, não somos capazes de valorizar uma boa companhia. Quando sentimos a solidão da Lua vagabunda pelo espaço, começamos a enxergar os outros que, como eu, vagam por esta vida procurando alguém com quem possam dividir um pouco de si”. O velho não diz mais nada. Deita-se, vira para o canto e cobre a cabeça com a coberta. Enquanto isso Jávier vai até a janela e olha para o Céu. Lá está ela. Linda, imponente. Não importa quantos admirem a sua beleza ou se amem refletidos por sua luz. A Lua estará sempre lá, cumprindo sua missão e curtindo a sua solidão.

Thiago Mendes

Recomeço!

Nunca é o fim. A vida que resta, sempre absorve os destroços e dá um jeito de prosseguir. Você já passou por muita coisa e, em todas elas, s...