Duas pessoas que se amariam e se fariam muito
felizes - caminham agora pela mesma rua, mas sabe-se lá porque raios, usam
lados diferentes da calçada. Almas gêmeas que viajam para o mesmo lugar – estão assistindo a mesma paisagem - através de
janelas muito parecidas, mas infelizmente estão em vagões diferentes de um mesmo trem; se
hospedam na mesma rua, mas erram nos hotéis; ou, se acertam nos hotéis, nunca
compartilham os elevadores. Existe alguém, agora, neste
momento, sonhando em ter para si uma pessoa exatamente igual a você. Não sei se passeando em Paris, contemplando o romantismo platônico da Torre Eiffel, ou se
talvez caminhando solitariamente pelas ruas de Amsterdã. Pode ser que esteja
mais “quente”, passando compras agora no mesmo caixa em que você esteve há 20
minutos atrás aí no mercadinho da esquina, pertinho de sua casa?! Seja como
for, seja quem for, o problema está nos desencontros. Você entra em um ônibus e ele desce pela porta
do fundo. Você está subindo e ele descendo na escada rolante. Você pegou a sessão das 20h daquele filme romântico que você
estava louca para assistir, mas ele, sozinho no shopping, só conseguiu uma
entrada para a sessão das 22h. Talvez a dica seja: olhe mais para os lados, acene e sorria discretamente aos
olhares atentos de desconhecidos com jeito simpático, tire os olhos do celular um pouco e olhe em volta –
alguém real pode estar à sua procura e, nesta busca por um amor, um segundo ou alguns poucos metros podem ser
capazes de separá-los para sempre.
Thiago Mendes