quinta-feira, 31 de julho de 2008

Confissões de um pastor


Alguns dias são mais difíceis que os outros. Algumas noites são mais longas e assustadoras, algumas lágrimas são mais salgadas, alguns verões são mais quentes e alguns invernos mais gélidos. Algumas primaveras produzem flores mais murchas e já vi outonos que os frutos apodreceram mais rápido.
Caminhando pelos poucos anos da vida, ouvi crianças que choravam mais alto, velhos que sofreram mais antes de morrer, águas mais amargas, amores mais odiosos que amados, já vi caminhos espinhosos, comida sem sal, mar com águas escuras, já fui sucumbido por meus próprios medos e seduzido por meus próprios desejos. Já culpei o inocente e roubei o último pão do necessitado.
Já me alimentei com o pão amargo da doce vingança e sorri a grande alegria da lágrima alheia. Por muitas vezes andei de costas e fechei os olhos na hora da luz, fiz-me tolo em sábios momentos e em tolas oportunidades, quis ser mais sábio que os próprios mestres.
Armei armadilhas para pobres atrasados, coloquei pedras em trilhos, e apimentei pratos de muitos distraídos. Senti dores de parto pela alegria dos outros, e quis o fim dos meus inimigos. Já me irritei com o fato de alguém não concordar comigo como se eu fosse o dono de toda razão, não sendo eu dono de absolutamente nada. A vida é muito curta para tantos erros, muito doce para tanto sal, muito boa para tanto mal. O amor é muito amor para tanto ódio, e o rio muito pequeno para tanto peixe.
Quem lê, por favor, entenda!

Com todo carinho,

Thiago Mendes

Recomeço!

Nunca é o fim. A vida que resta, sempre absorve os destroços e dá um jeito de prosseguir. Você já passou por muita coisa e, em todas elas, s...