domingo, 29 de novembro de 2015

Sobre ar, tempo e palavras!

Álih, o guia, e Jávier, seu aprendiz, estão do lado de fora da cabana conversando e observando o céu. “Eu sempre tive muito medo da morte”, diz o rapaz. O velho respira fundo como quem buscava ar, tempo e palavras: “Todos nós temos medo do desconhecido”, diz. “Um dia, provavelmente no meu caso isso não deve demorar muito, o barco irá parar ali em baixo, no rio Allipén, e uma voz me chamará. Mesmo com medo terei que descer calmamente, entrar no barco e seguir viagem. Aí serei obrigado a acreditar na bondade destas águas e na bondade de Quem escreveu o seu curso”. O velho busca fôlego mais uma vez e se ajeita no banquinho de madeira: “A morte tem muitas faces, rapaz”, ele recomeça, “e a maneira como decidimos enxergá-la fará toda a diferença no curso do rio que um dia nos levará. Não devemos viver com nossas almas agitadas, preocupados com o que será do amanhã. Nós precisamos apenas confiar que Quem pensou tudo isso sabia bem o que estava fazendo, que somos resultado de um amor inexplicavelmente maior e que há um sentido nesta breve passagem por aqui”. O rapaz se mexe: “O senhor acredita mesmo que há um sentido?”. O velho sorri, franze a testa e se levanta. “Já é tarde, meu rapaz. Vamos dormir. Amanhã há muito trabalho a ser feito”.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sobre amar sem ser escravo!

Eu decidi abrir mão de tudo aquilo que em mim gasta tempo, ocupa espaço, me desgasta emocionalmente, mas não produz nenhum resultado verdadeiramente bom para a vida. Decidi deixar para trás todas as relações que sugam as forças, exigem dedicação, mas que não devolvem nada além de decepções. Decidi abandonar o barco. Não, eu não vou mais remar com as mãos e contra a correnteza a fim de conduzir uma tripulação desinteressada a um lugar que nem sei se realmente existe. Quero gastar mais tempo com as minhas próprias bobagens, sem me importar tanto com as telhas de dona aranha no canto da sala, ou com os matinhos atrevidos que crescem entre as gramas do jardim. Quero ser mais leve, menos preocupado e mais generoso comigo mesmo e com aqueles que decidiram misturar as suas vidas com a minha. Quero sorrir mais e ser mais sincero sem ser grosseiro. Quero ter menos responsabilidades sem me tornar irresponsável; quero amar mais. Sim, mas quero amar sem ser escravo...

domingo, 15 de novembro de 2015

Sobre a esperança, o sentido e o refrigério!

Estou completamente só. Lá fora, a noite parece especialmente escura hoje. Uma chuva fina cai preguiçosa, quase arrastada e um rádio toca longe um hino da harpa cristã, que apesar de já ter ouvido algumas vezes, não sei a letra. É triste, mas produz esperança. Mais uma vez olho pela janela. Cada lampadazinha das milhões à minha frente dizem que ali há alguém. E este alguém, assim como eu, deve estar buscando um pouco mais de esperança, sentido e refrigério... Ouço novamente a música da harpa: Se tu, minh'alma, a Deus suplicas e não recebes, confiando fica. Em Suas promessas, que são mui ricas e infalíveis pra te valer. Por que te abates, ó, minha alma? “Por que te abates?”, pergunto a mim mesmo. Neste momento um vento sopra frio. Fecho meus olhos e sinto minha alma descansar. Talvez seja hora de dormir. Amanhã seguirei em minha incansável busca por um pouquinho mais de esperança, sentido e refrigério...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre coisas, palavras e pessoas!

Mesmo que o tempo passe tão depressa, é incrível como algumas coisas insistem em não passarem nunca: aquela lembrança forte, daquele dia marcante, perdido no meio dos seus dias; aquela palavra simples, mas que mexeu nas profundezas alterando drasticamente o rumo de nossa jornada?! O tempo passa, mas ele deixa em nós algumas pegadas que determinarão o que ainda há de vir. Hoje, especialmente, sinto-me perseguido por tantas coisas, palavras e pessoas que já me marcaram no passado. Espero que tudo isso me inspire para que eu seja bem melhor hoje do que em todos os demais dias da minha vida.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sobre as marcas da vida!

Todos aqueles que passaram por nossas vidas deixaram aqui as suas marcas. Algumas de alegria, outras de dor. Algumas destas passagens foram breves, outras duradouras. Mas todas com desdobramentos igualmente eternos. Algumas foram intensas, outras rasas; mas ninguém foi neutro, sem rastros. Se pararmos agora e observarmos a olhos atentos, descobriremos que temos em nós um pouquinho de todo mundo com quem nos relacionamos. Talvez o ideal seja guardar as boas lembranças e aproveitar tudo aquilo que aqueles que se foram deixaram conosco.

Recomeço!

Nunca é o fim. A vida que resta, sempre absorve os destroços e dá um jeito de prosseguir. Você já passou por muita coisa e, em todas elas, s...