O arqueiro errou o alvo mais uma vez e está triste consigo mesmo. Foi imprudente, não levou o que estava fazendo tão a sério, faltou-lhe concentração e disciplina. Seu anjo o adverte: “Você precisa entregar o coração ao que está fazendo. Não adianta disparar uma flecha usando apenas as técnicas que sabemos. A missão que você recebeu jamais poderá ser aprendida. Portanto, desaprenda, esqueça tudo que sabe e volte a disparar”. O arqueiro obedece. Guarda seu arco por um tempo e parte para uma profunda meditação. A cada dia que passa longe do arco, sente que vai perdendo o jeito de segurá-lo, a noção de distância, de mira, até que se sente um arqueiro comum. “Pronto”, diz o anjo que reaparece. “Suas mãos estão desajeitadas e seu coração mais dependente. Agora certamente está preparado para reassumir seu posto”. O arqueiro não responde nada. Pega seu arco, algumas flechas e sobe novamente as muralhas. Se o momento de meditação foi válido ou não, só saberá quando começar a próxima batalha.
Thiago Mendes
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