quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sobre o chá, a fumaça, e os elogios!


O dia ainda nem nasceu e Jávier, o aprendiz, já está terminando de fazer o chá. Álih, o guia, o observa sentado à mesa enquanto espera para ser servido. “Hoje iremos receber uma visita e você irá recepcioná-la”, disse o velho. Jávier traz o chá e o coloca diante do mestre. “Ué, e porque o senhor não vai fazer a recepção?” O guia boceja. “Hoje não estou me sentindo muito bem. Vá se aprontar”. Jávier vai ao quarto, se troca, e quando volta o chá ainda está em cima da mesa. “Não gostou do chá de hoje?”, pergunta. “Ainda não experimentei, estava esperando esfriar”. Jávier está eufórico com a visita. Quais serão as perguntas que terá que responder? O que dirá? Quem é a pessoa? Finalmente o velho toma o chá e volta ao quarto sem dizer nada. Algum tempo depois o visitante surge no horizonte. “Atravessei estas montanhas para ouvir sobre a vida”, disse o homem de meia idade. Algumas horas se passam até que o visitante se levanta para partir e tece grandes elogios a Jávier.  O jovem vai correndo ao quarto. “Senhor, eu fui bem, o homem disse...” O velho tosse. “Muito cuidado com os elogios rápidos. Aqueles que, na primeira vez, são capazes de ver qualidades que não tens, também rapidamente descobrem defeitos que nunca possuístes”. O jovem se cala. O velho volta a falar. “Lembre-se do chá: se tiver muita fumaça, é sinal que pode se queimar”.

Thiago Mendes

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