O dia ainda nem nasceu e Jávier, o aprendiz, já está
terminando de fazer o chá. Álih, o guia, o observa sentado à mesa enquanto
espera para ser servido. “Hoje iremos receber uma visita e você irá
recepcioná-la”, disse o velho. Jávier traz o chá e o coloca diante do mestre.
“Ué, e porque o senhor não vai fazer a recepção?” O guia boceja. “Hoje não
estou me sentindo muito bem. Vá se aprontar”. Jávier vai ao quarto, se troca, e
quando volta o chá ainda está em cima da mesa. “Não gostou
do chá de hoje?”, pergunta. “Ainda não experimentei, estava esperando esfriar”.
Jávier está eufórico com a visita. Quais serão as perguntas que terá que
responder? O que dirá? Quem é a pessoa? Finalmente o velho toma o chá e volta ao
quarto sem dizer nada. Algum tempo depois o visitante surge no horizonte.
“Atravessei estas montanhas para ouvir sobre a vida”, disse o homem de meia
idade. Algumas horas se passam até que o visitante se levanta para partir e
tece grandes elogios a Jávier. O jovem vai
correndo ao quarto. “Senhor, eu fui bem, o homem disse...” O velho tosse. “Muito cuidado com os elogios rápidos. Aqueles que, na
primeira vez, são capazes de ver qualidades que não tens, também rapidamente
descobrem defeitos que nunca possuístes”. O jovem se cala. O velho volta a
falar. “Lembre-se do chá: se tiver muita fumaça, é sinal que pode se queimar”.
Thiago Mendes
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