Quando o Soldado da Paz perde o sono, entende que sua alma
está faminta e busca o Todo. Depois de se contorcer na cama por várias vezes e
observar o Universo por um bom tempo através da janela entreaberta, endente que
o sono não virá. Aí senta-se na cama e faz uma prece: “Estou tão eufórico para ver as coisas acontecendo no
meu tempo e do meu jeito que não tenho sido capaz de confiar nas sementes que
lancei durante o dia. Ajuda-me, Senhor, a confiar a ponto de poder fechar os
olhos e descansar em paz”. Nenhuma resposta. A janela continua entreaberta, o
Universo intocável, e ali, o Soldado da Paz observa o infinito. Um vento suave
balança a janela. “Com tanta euforia, poderá ferir a si mesmo em combate”, diz
uma voz doce trazida pelo vento. “Quando você dorme”, prossegue, “está
liberando seu espírito para morrer e renascer depois. Deixe-o ir”. Neste momento o Soldado da Paz se rende. Volta
ao seu cantinho, se cobre, e fecha os olhos. Vai liberar o seu espírito para
morrer mais uma vez. Sua alma está em paz.
Thiago Mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário