Álih, o guia espiritual,
gastou toda a sua tarde de hoje fazendo uma fogueira. Jávier, seu aprendiz,
havia ido à pequena vila fazer compras e quando chegou o velho estava começando
a acender o fogo. “Porque precisamos de uma fogueira?” O jovem faz a pergunta,
mas passa direto e vai até a cozinha deixar as compras e volta. Está frio, e o
velho já se sentou numa cadeira e esfrega as mãos tentando concentrar calor.
“Hoje iremos aprender as lições do fogo”. O guia tem os olhos fitos nas chamas
que já começam a ficar agressivas. “O fogo”, continua, “é exatamente como a fé
e o amor: por maiores e mais excelentes que sejam esses sentimentos em nós, se
não forem alimentados, um dia se tornarão apenas cinzas”. O jovem também
esfrega as mãos e encolhe o corpo. Álih continua: “Agora as chamas estão
flamejantes, mas isso não significa que não precisem ser alimentadas”. Jávier
fita seu guia. “E o que isso tem a ver com a vida da gente?” O velho joga mais
uma tora de lenha ao fogo e devolve o olhar. “Você está aqui comigo e sua fé e
amor estão sendo constantemente alimentados. Mas um dia você partirá, cuide de
alimentar para sempre esta chama que foi acesa”. O jovem também pega alguma
madeira e joga ao fogo. Vão permanecer ali tirando mais lições até que o sono
chegue e a lenha vire cinzas.
Thiago
Mendes
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