segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sobre a face, o tom, e o olhar!


Eram cerca de uma hora da tarde, um calor daqueles, o transito lento e eu parado em um semáforo da Avenida Castelo Branco por onde passo todos os dias. “Ei moço, pode me dar alguma ajuda?” O jovem de boa aparência tem voz educada e surgiu trazendo no rosto um sorriso discreto e aparentemente natural. Eu sempre gosto de ajudar sem olhar para a pessoa, mas confesso que aquele sorriso e educação encorajam-me ainda mais a vasculhar pelo carro em busca de alguma ajuda que pudesse lhe dar. Sempre tem algumas moedas jogadas por ali naqueles buraquinhos do painel, ou mesmo no porta luvas. Mas desta vez não tinha. Não achei nenhuma. Devolvo o sorriso. “Perdoe-me amigo, gostaria de poder ajuda-lo, mas realmente não tem nada aqui. Fico te devendo desta vez”.  O jovem a muda a face, o tom, e o olhar: “Se não tem nada por que me fazer esperar?” Sua voz agressiva e olhar de ira me fuzilam. Respiro fundo. “Senhor, que eu não devolva estas lanças a ninguém”. Fico pensando em como a mediocridade nos faz mudar a face, o tom e o olhar. Que não sejamos assim.

Thiago Mendes

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