Eram cerca de uma hora da tarde, um calor daqueles, o
transito lento e eu parado em um semáforo da Avenida Castelo Branco por onde
passo todos os dias. “Ei moço, pode me dar alguma ajuda?” O jovem de boa
aparência tem voz educada e surgiu trazendo no rosto um sorriso discreto e
aparentemente natural. Eu sempre gosto de ajudar sem olhar para a pessoa, mas
confesso que aquele sorriso e educação encorajam-me ainda mais a vasculhar pelo
carro em busca de alguma ajuda que pudesse lhe dar. Sempre tem algumas moedas
jogadas por ali naqueles buraquinhos do painel, ou mesmo no porta luvas. Mas desta
vez não tinha. Não achei nenhuma. Devolvo o sorriso. “Perdoe-me amigo, gostaria
de poder ajuda-lo, mas realmente não tem nada aqui. Fico te devendo desta
vez”. O jovem a muda a face, o tom, e o
olhar: “Se não tem nada por que me fazer esperar?” Sua voz agressiva e olhar de
ira me fuzilam. Respiro fundo. “Senhor, que eu não devolva estas lanças a
ninguém”. Fico pensando em como a mediocridade nos faz mudar a face, o tom e o
olhar. Que não sejamos assim.
Thiago Mendes
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