O
arqueiro está triste hoje. Há muito tempo aprendeu que se quisermos
acertar o alvo, precisamos olhar para frente. Mas as vezes é
impossível resistir aos constantes assovios do passado que nos
convida a passear por estradas que sempre odiamos, e que hoje fazem
tanta falta: os brinquedos das crianças espalhados pela casa que
eram catados várias vezes ao dia irritando a qualquer santo; a voz
do “outro” que circulava por ali em tom alto que irritante, mas
que agora faz tanta falta; as visitas inconvenientes que apareciam
sempre em momentos errados, mas que agora já não aparecem em
momento nenhum; os problemas corriqueiros que angustiavam e davam
tanto e todo sentido à vida. Sim! O que seria dela sem eles? O
arqueiro tenta se concentrar olhando fixo para frente, mas o coração
está vazio e frágil. Seu anjo surge inesperadamente. “Porque está
olhando para trás? Você sempre abominou a maioria das coisas que
estão lá!” O arqueiro fita o anjo. “Mas hoje aprendi que cada
uma delas, mesmo que irritantes naquele momento, me fazem muita falta
agora”. O anjo devolve o olhar. “Cuidado para que, olhando para
trás não perca as que te deixa irritado agora. Elas também farão
falta em seu futuro”.
Thiago
Mendes
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