Álih,
o guia, está assentado à sombra de uma árvore meditando. Jávier,
seu aprendiz, se aproxima e passa a observá-lo. O semblante sereno,
os olhos que, mesmo fechados parecem transmitir paz, a face já
enrugada, os cabelos embranquecidos de sabedoria e o ambiente de
pureza que o permeia parecem atrair o jovem para mais perto.
“Senhor”, resmunga interrompendo a meditação do guia. “O que
o você faz para manter-se tão cheio de luz?” O velho não abre os
olhos, nem muda o ritmo de sua respiração ou troca a posição do
corpo. “É simples”, diz. “Gasto mais tempo buscando a luz do
que fugindo das trevas”. Jávier tem o tom calmo e moderado que o
ambiente exige. “Eu também tenho tentado fazer o mesmo, só que
cada vez sinto-me mais atraído pelos meus antigos hábitos, dominado
por pensamentos perversos e distante da luz”. O velho continua
concentrado. “Você tem feito exatamente o contrário. Ao invés de
buscar a luz, você tem fugido das trevas. Busque a luz e as trevas
fugirão de você”. Jávier entende o recado. Se ajoelha ao lado do
guia e começa a meditação. A partir de hoje de uma maneira
completamente diferente.
Thiago
Mendes
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