O
Soldado da Paz acorda assustado no meio da noite. Um grito! O
guerreiro se levanta, abre a tenda e olha lá fora. Tudo quieto. As
sentinelas estão calmamente posicionadas e não acusam absolutamente
nada. O Soldado da Paz volta à tenda, deita-se e percebe que o
barulho está ali, não do lado de fora, mas de dentro. Talvez seja o
gemido das injustiças que já cometeu, ou o barulho do choro que já
causou nas pessoas; quem sabe o lamento daqueles que deixou de
socorrer quando podia?! O Soldado da Paz tapa os ouvidos, mas o
barulho aumenta. A culpa não é um inimigo fácil de ser vencido.
Ele sabe que o único remédio é perdoar a si mesmo. O Soldado da
Paz se ajoelha ao lado da cama e pede aos Céus que o ajude nesta
batalha tão árdua. A imagem cansada de cada pessoa que feriu no
passado vem ao seu presente e ele parece ouvir de cada uma delas a
frase: Eu te perdoo; até que por fim, aparece a sua própria imagem
dizendo: Eu também te perdoo. O Soldado da Paz deixa as lágrimas
rolarem e poupo a pouco vai passando a ouvir apenas o barulho do
vento leve que assovia lá fora afinado com a harmonia da noite. O
Soldado da Paz acaba de vencer um inimigo que o perseguia há anos.
Não importa o quanto demore, sempre chegará a nossa hora.
Thiago
Mendes
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