Estes
dias resolvi ir à procura de uma parte minha que ficou perdida no
passado. Percorri os quintais abandonados e tentei escalar as mesmas
árvores da minha infância - agora já velhas e desgalhadas - mas
não encontrei nada a não ser algumas peças enferrujadas de
brinquedos que não se lembram mais de mim. Levantei as saias dos
mesmos cafezais que um dia serviram de esconderijo, fiz as mesmas
trilhas da minha imaginação, mergulhei nos mesmos córregos – em
vão! O pior aconteceu: o tempo passou rápido demais, voou
desajeitado como um filhote de pássaro que ganha os céus pela
primeira vez e se foi para nunca mais voltar. O menino morreu. Nem
mesmo ajuntando todas as peças do quebra-cabeças e tentando
reconstruir a paisagem colorida, seria possível trazer aquele mundo
de volta. Tornei-me escravo da realidade e, portanto, incapaz de
encontrar a infância que deixei passar. Será que rabisquei todas as
folhas que poderia? Subi em todas as árvores que suportariam meu
peso? Dei todas as cambalhotas e fiz todos os gracejos que
conseguiria? Talvez sim! Mas isto não impede que, de vez em quando,
a saudade venha pra tentar levar-me de volta a este mundo que
simplesmente não existe mais.
Thiago
Mendes
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