Jávier,
o aprendiz,
parece contente
hoje. Acordou
mais cedo,
varreu a
tenda e
suas imediações,
molhou as
plantas e
jogou comida
para os
animais. Álih,
o guia,
se espanta.
“O que
aconteceu com
você? Geralmente
só faz
o que
lhe é
ordenado!”.
O rapaz
sorri. “Mas
posso mudar”,
retruca, “e
é bom
você se
livrar desta
impressão que
tem de
mim porque
a partir
de hoje,
cumprirei todas
as minhas
tarefas sem
que tenha
que receber
ordens”.
O velho
resmunga aparentemente
incrédulo por
alguns segundos
e finalmente
fala. “Se
pensarmos em
nossa vida
como sendo
um livro,
temos o
direito de
dividi-la em
capítulos, certo?”.
O rapaz
balança a
cabeça dando
sinal de
afirmativo. O
guia prossegue.
“No livro
de sua
vida há
muitos capítulos
manchados e,
por mais
que escreva
novas páginas,
será impossível
restaurar completamente
os capítulos
anteriores”.
O velho
da um
longo suspiro,
toma um
gole de
água e
continua. “Existem
os erros
isolados, que
nos prejudicam,
mas que
acabam sendo
esquecidos quando
escrevemos novas
páginas; os
piores são
os erros
repetidos que
mancham para
sempre a
nossa história.
É por
isso que
temos que
fazer de
tudo para
não causar
uma impressão
ruim nas
pessoas, porque
depois de
uma folha
impressa, é
impossível escrever
outra história
ali”.
O rapaz
não fica
satisfeito. “O
senhor não
está feliz
com a
minha disposição
de mudar?”.
O guia
responde com
voz amável.
“Claro que
sim, e
é justamente
por isso
que está
aqui. Mas
para escrever
novas páginas
você não
precisa querer
rasgar aquelas
que foram
escritas no
passado. Por
mais lamentáveis
que tenham
sido, cada
uma delas
serviu para
algum propósito
e não
devem ser
anuladas”.
O rapaz
fica em
silêncio e
volta a
aguar as
plantas. Mas
agora sabe
que aquelas
que morreram
por falta
de água
no passado,
continuam mortas
no presente.
Thiago
Mendes
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