Jávier, o jovem aprendiz, e Álih, seu guia, estão voltando da vila depois de terem feito as compras necessárias para a semana. Enquanto caminham, o rapaz resolve tocar em um assunto delicado. “Eu nunca o vi fazer nada de surpreendente. É um homem calmo, que vive uma vida simples no meio de umas montanhas onde não aparece quase ninguém. O senhor gasta tanto tempo com estudos e meditações, mas já moro aqui há meses e jamais fez algo que qualquer outro ser humano também não faria.” O velho continua caminhando lentamente sem dizer nada. O jovem se irrita. “Não vai dizer nada? Não vai se defender?” Álih dá mais alguns passos cansados e fita o rapaz. “A grandeza de um homem nem sempre está naquilo que ele é capaz de realizar, mas sim, naquilo que ele é capaz de suportar”. O guia respira buscando ar. “Sou velho e já passei por quase tudo nesta vida, mas mesmo assim, continuo calmo e sou capaz de ser feliz, mesmo tendo esta vida simples que você reprova. Só os tolos vivem esbanjando poder. Mostre-me um bom motivo e também mostrarei a minha força”. O rapaz não diz nada. Se aprendeu ou não a lição, só o tempo dirá.
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