quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Sobre admirar sem tocar e sem querer mudar!


Já é tarde da noite, o dia foi cansativo, mas Álih, o guia, e Jávier, seu aprendiz, ainda estão do lado de fora da cabana conversando. O velho aponta para as estrelas. “São lindas, não?” O jovem sabe que a pergunta é apenas uma introdução. “Sim”, responde fitando o infinito. “Algumas coisas precisam ser observadas de longe. É assim que conseguem ser belas. Se nos aproximarmos muito, acabaremos por tentar mudá-las. Temos sempre a mania de retocar tudo, tentando deixar a nossa marca”. O jovem continua olhando para o céu. “Isso só vale para as estrelas?”, pergunta. O velho sorri. “Isso não tem nada a ver com as estrelas. Elas sabem se defender”, responde em tom irônico. “O problema é aqui embaixo”, continua. “Às vezes é difícil aceitar as coisas como elas são. Estamos sempre querendo que elas sejam da nossa maneira. Precisamos aprender a admirar sem precisar tocar, sem ter que mudar”. Ambos se levantam e vão dormir. Jávier aprendeu uma lição importante: Tem coisas que nos tocam profundamente, mas jamais poderão ser tocadas por nós! 

Thiago Mendes

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