Álih, o guia, e Jávier, seu aprendiz, estão plantando mudas
de pinus. “Estas árvores demoram 40 anos para se tornarem adultas”, diz o rapaz.
“Não há sentido plantá-las”. O velho está fazendo covas e se mantém em
silêncio. O rapaz volta a falar. “Eu não pretendo ficar aqui por muito tempo,
talvez no máximo mais um ano. O senhor já é velho, provavelmente não irá viver muito.
Deveríamos plantar algo com o qual pudéssemos nos beneficiar”. O velho
finalmente para de dar as suas enxadadas cansadas e fita o rapaz. “Quando
viemos parar neste mundo, meu amigo, ele já possuía árvores grandes, montanhas
altas, rios cheios de peixes e não tivemos que fazer o menor esforço por tudo
isso”. O velho toma fôlego e continua. “Provavelmente não estaremos mais aqui
quando estes pinus crescerem, mas de alguma maneira recompensaremos a vida por
ter sido tão generosa para conosco. O pior dos homens é aquele que lança
sementes pensando apenas em si. Que as nossas mudas cresçam e se transformem em
árvores. Os melhores guerreiros são aqueles que fazem o bem sem nunca terem a
necessidade de dizerem: fui eu!” O rapaz abaixa a cabeça e, envergonhado começa
a cavar. Talvez tenha percebido que o seu crescimento tem sido mais lento que o
dos pinus, mas mesmo assim ainda há alguém ali, regando seu coração e esperando
seus frutos.
Thiago Mendes
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