segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sobre o homem que não teve tempo!


Estou partindo. Ouvi o médico dizendo hoje pela manhã que meu tempo acabou aqui neste mundo. Sinto muitas dores e sei que a minha hora está chegando. Ouço, de longe, os passos do anjo que se aproxima. Como legado deixo filhos que nunca tive tempo de abraçar, que herdam bens que nunca tive tempo de usufruir, deixo para trás uma mulher que não tive tempo de amar e netos com quem não tive tempo de brincar. Deixo também momentos importantes que não vivi, deixo uma mãe idosa que não tive tempo de visitar e conhecimento que não tive tempo de ensinar; deixo amigos que não vi, livros que não li, viagens que não fiz e alegrias que não produzi. Gostaria de ter sido mais simpático, mas minha posição não permitia; gostaria de ter sido mais amigo, mas sei que não teria tempo para alimentar relacionamentos. Deixo para trás palavras que não disse, sentimentos que não me permiti e sorrisos que guardei. Há ainda muitas coisas que eu gostaria de dizer-lhes aqui, mas repito o que passei a vida toda dizendo: não tenho tempo. Meu anjo chegou. Adeus.

Thiago Mendes 

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