A
Mulher
de
Fé
está
cansada
de
teatros.
Ela
passou
a
vida
inteira
vivendo
cenas
e
criando
personagens
para
agradar
a
outros.
Foi
obrigada
a
sorrir
quando
tudo
o
que
desejava
era
um
colo
onde
pudesse
chorar
em
paz;
fez
companhia
quando
o
que
desejava
eram
alguns
minutos
de
sossego;
dançou
publicamente
quando
tudo
que
precisava
era
de
um
deserto
onde
pudesse
caminhar
sozinha,
sem
expectadores.
Mas
não
era
possível,
estava
sendo
avaliada
o
tempo
todo.
Era
obrigada
a
trocar
abraços
indesejados,
inventar
um
sorriso
e
tentar
mantê-lo
ali,
intacto;
dizer
palavras
carinhosas
a
pessoas
às
quais
desejava
ardentemente
desprezar
e,
isso
durou
até
perceber
que
enquanto
fazia
teatro
aceitando
a
outros,
desprezava
a
si
mesma.
Sua
face
sorria
enquanto
a
alma
gemia
de
dor.
Agora
está
tentando
se
disciplinar
em
sua
nova
vida.
Decidiu
que
será
mais
verdadeira,
dirá
mais
a
verdade
e
encenará
o
mínimo
que
puder.
A
Mulher
de
Fé
não
quer
ser
áspera,
nem
ríspida,
mas
busca
o
direito
de
ser
ela
mesma.
Está
disposta
a
matar,
um
por
um,
cada
personagem
que
criou
ao
longo
de
sua
vida.
Não
será
fácil,
pois
está
tão
familiarizada
com
alguns,
que
parecem
fazer
parte
de
sua
essência.
Se
ela
irá
conseguir,
só
o
tempo
e
seus
expectadores
poderão
nos
dizer.
Thiago
Mendes
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