É
final de tarde, quase noite. Estou sentado no banco da pracinha aqui
perto de casa pensando em como a vida tem sido difícil ultimamente.
Os relacionamentos rompidos, os eternos problemas financeiros, as
dificuldades que nunca dão trégua...Um rapaz senta-se ao meu lado.
“Eu sempre te achei um tolo”, diz. Não olho em sua direção.
Sei de quem se trata. “As coisas poderiam ser muito mais fáceis
para você se estivesse fazendo as mesmas coisas que faz, mas
trabalhando para mim”. Eu deveria, ali mesmo, ter ordenado que
partisse, mas me mantive em silêncio. Ele continua. “Há anos
venho observando sua luta, que a cada dia, vai parecendo ser mais e
mais em vão”. Pela primeira vez olho para ele. É frio e fita
algum ponto distante com olhar tranquilo. “O que mudaria em minha
vida?”, pergunto. Ele se ajeita no banco desconfortável da praça.
“No seu trabalho mudaríamos apenas sua intenção e algumas
palavras. Mas em sua vida, muitas coisas mudariam”. Ele tem razão,
há anos venho me arrastando com pessoas em minhas costas, algumas
que não dão nenhum resultado, e os problemas não evoluem. Mas
tenho minha convicção: “Jamais trabalharei para você. Prefiro
arrastar-me até o último dia do que trair minha missão”. Ele se
levanta e sai. Ponho a cabeça entre as pernas e faço uma prece.
“Senhor, guarde minhas palavras e minhas palavras”.
Thiago
Mendes
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