
Me casei com a única mulher que já amei. E a beijei. Sim, a beijei muito.
Fui aos lugares que gostaria de ter ido.
Contei e ouvi as histórias que gostaria de ter contado e ouvido.
Sentei com meus filhos e netos na porta de casa e contei minhas aventuras da mocidade, a maioria mentia - contando coisas que aconteceram com os outros como se fosse comigo, era mais emocionante pra mim e para eles.
Fiz café, plantei um pé de manga, bebi o café e chupei as mangas do pé.
Caminhei por estradas longas, me arrependi de alguns caminhos que tomei, e acabei voltando por eles; em alguns continuei até o fim para ver onde iam e descobri que teria sido mais feliz se houvesse voltando o quanto antes.
Agora, nos últimos dias de minha vida, procuro crianças para contar o que a vida me ensinou, mais as ruas estão vazias. Não vejo meninos soltando papagaios nem meninas embaixo de jabuticabeiras brincando de cozinhadinho. Não ouço o barulho de meninotes pulando cercas em direção aos campinhos de futebol e nem ouço mais o choro manhoso das bonecas de meninas. As crianças estão caladas e se parecem robôs, acho que estou mesmo velho, caduco, ou o mundo mudou.
Gostaria de ver as crianças correndo novamente antes de morrer.
É triste, mais é assim que é,
Thiago Mendes
2 comentários:
Nossa o texto é otimo, e muito triste é a realidade.
Sua Fran.
Que texto lindo... e como é real! Como as crianças de hoje não puderam provar o doce gostinho da verdadeira felicidade da infância... as brincadeiras livres, cozinhadinho, subir em árvores... acho que eu sou o velho do texto... rs mas feliz por ter vivido tudo isso plenamente!
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