De vez em quando o Soldado da Paz sente um vazio estranho em seu coração. Em momentos assim seus olhos perdem o brilho e tornam-se distantes e vagos. Mas ele sabe que não é o único a ter olhos tristes: a mulher da floricultura – que perfuma e embeleza a vida das pessoas também tem olhos semelhantes. Ela talvez ainda questione o sentido de sua existência. O padeiro, que acorda de manhã e alimenta tanta gente também ainda não tem convicções absolutas sobre o que está fazendo por aqui. E assim o pastor da igreja da rua de baixo, o político - que após terminar seu discurso convicto, sente nojo de si mesmo. A prostituta, o motorista solitário em seu caminhão, a dona de casa, o escritor... Todos fazendo alguma coisa, mas sempre sendo visitados por aquele mesmo vazio estranho que traz sempre a mesma pergunta: “a vida é só isso mesmo?”.
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