Às vezes nos sentimos como aquele
homem que pegou o trem de volta para casa. Ele, depois de algum tempo, acabou
permitindo que a saudade falace mais alto ao seu coração. Claro, a vida lá fora
foi útil, trouxe os seus benefícios e as suas alegrias superficiais, mas para
quem tem lugar, sempre chega o momento de voltar. O caminho de ida e o de volta é o mesmo, só o
momento, faz com que pareçam ser estradas tão diferentes. Sim, no de ida, se
busca encontrar o que não se tem. No de volta, se procura encontrar, intacto,
aquilo que se perdeu. Impossível. As marcas da partida sempre ficam. Quando ele
desce do trem, todos o esperam ali, como se previssem a sua chegada. Não há perguntas
do tipo: por onde esteve? O que andou fazendo? Porque resolveu voltar
justamente agora que já estávamos nos acostumando com sua ausência?! Ninguém diz nada. E o silêncio é capaz de
dizer muito pouco quando temos medo de ouvir a sua voz. E agora, juntos, vão
procurar remendar os seus lençóis. Claro, ali naqueles panos amarelados, já
marcados pelo tempo sempre estarão as pegadas de quem se foi. Mas é também ali,
naquele ninho de panos, que precisam reencontrar a felicidade que um dia,
aquele trem levou.
Thiago Mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário