Hoje
a Mulher de Fé acordou com vontade de mexer no baú de suas
pelúcias. Subiu ao alto do guarda-roupas, tirou a caixa coberta de
poeira, sentou-se à cama e decidiu fazer aquela viagem de volta ao
seu passado. Lá está o urso Ted, que agora além de coberto de
poeira perdeu um dos olhos e está rasgado. Ted já foi seu melhor
conselheiro e amigo. Quando ela levava uma bronca, ou descobria que o
garoto de quem gostava estava com outra, ou ainda quando alguém a
chamava na escola por aquele apelido que até hoje lhe dá arrepios,
o Ted sempre estava por ali. Nunca descordou, nunca apoiou, nunca
murmurou de seus óbvios exageros e nem de ser completamente
encharcado por suas lágrimas. Mas um dia o velho Ted tornou-se
inútil e acabou na caixa do esquecimento. A Mulher de Fé respira
fundo. “Quantas pessoas importantes em meu passado já coloquei na
caixa do esquecimento? Gente que me deu a mão, que chorou comigo,
que me apoiou nos momentos em que mais precisei, mas que, por motivos
quem nem me lembro mais, se tornaram inúteis e foram abandonadas?!”.
Sim, o Ted não está sozinho na caixa do esquecimento. A Mulher de
Fé pega uma agulha e começa a costurar seu velho amigo. Mas será
capaz de fazer o mesmo com todos que estão feridos ali dentro? Ela
espera que sim!
Thiago
Mendes
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