O arqueiro vive um bom momento. Vem acertando praticamente todos os alvos e está de bem com o seu arco. Tem recebido constantes elogios de pessoas ilustres que lhe enchem de presentes e falam de sua importância em voz alta. “Todo o povo reconhece o seu trabalho”, diz alguém, “e imaginar de onde você saiu, é sem dúvidas, um vencedor!”. O arqueiro não diz nada. O silêncio neste momento parece ser a mais sábia de todas as expressões de um guerreiro. Não é apenas o fato de não se dar bem com os elogios. Sua alma está aflita. Ele sabe que não importa o quanto as coisas visíveis estejam boas; se o interior não vai bem, tudo está mal. O arqueiro entende que é o momento certo de trabalhar menos do lado de fora, e ampliar as construções dentro de sua alma. Ele fecha os olhos e fica em silêncio pra tentar ouvir a voz de seu coração: “Não importa o quanto você está suprido do lado de fora se aqui dentro morro de fome”. O arqueiro continua refletindo. “Alimento-me”, continua o coração, “de amor sem espera de recompensa; de favores realizados, mas que ninguém vê; de esmolas secretas, de bondades gratuitas e que não necessitam de reconhecimento”. O arqueiro sente-se aliviado, entendeu que favores públicos suprem necessidades físicas e produzem elogios. Mas quando agimos no secreto, estamos alimentando o nosso ser interior!
Thiago Mendes
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