quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sobre as chances que temos de mudar o nosso mundo!

Álih, o guia espiritual, está mais calado que o comum. Nos últimos dias tem falado apenas o necessário e não apresenta nenhum interesse em estabelecer comunicação. Jávier fica entre quebrar o silêncio e perguntar se está acontecendo alguma coisa, ou manter distância e respeitar o momento do líder. Escolhe o silêncio. Pouco a pouco a vida entre as montanhas vai se transformando em um tédio. Os diálogos se resumem em distantes “bom dia”, desapetitosos “o almoço está pronto” e assombrados “boa noite”. Mais alguns dias se passam e as lições sagradas vão perdendo o sentido e se tornando cada vez mais obrigatórias e desinteressantes. Neste momento Jávier decide partir. Deixou sua vida e todos os seus sonhos para trás a fim de estudar o Caminho Sagrado e agora está sendo obrigado a conviver com um velho que parece ter sérios problemas emocionais. Faz a mala e prepara um argumento para consolar o guia que está de pé na porta com o sorriso de sempre estampado no rosto. “Dei vários dias para que você aprendesse mudar o ambiente à sua volta e não o fez”, começa, “seguiu o caminho dos mais fracos. Se adaptou à frieza, caminhou com a distância e se esqueceu de um dos princípios mais importantes que aprendemos aqui: se o mundo à sua volta está ruim, transforme-o. Se não puder transformá-lo, transforme-se!”. O jovem coloca a mala no chão. “Foi tudo um teatro?”, pergunta. “Não”, responde Álih, “foi tudo uma lição. Você não pode partir enquanto não aprender que um Soldado da Paz não foi chamado à se adaptar às coisas ruins, e sim, a transformá-las”. O jovem volta para o quarto e desfaz a mala. Aprendeu que não se resolve um problema se aliando a ele.

Thiago Mendes

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